Hernia de disco - Dr. Caio Vieira


Hernia de disco


Hernia de disco

O que é uma hérnia de disco?

O disco intervertebral é formado por duas partes principais: o ânulo fibroso que fica na parte periférica do disco e é mais rígido e resistente; e o núcleo pulposo, que fica na parte central do disco, é mais mole, e responsável pela característica de absorção de impacto e mobilidade do segmento vertebral.

A palavra “hérnia” descreve tudo aquilo que está fora do seu lugar original. Uma hérnia de disco acontece quando, por diversos mecanismos de desgaste da coluna, o ânulo fibroso se enfraquece permitindo a migração de parte do núcleo pulposo através da falha do ânulo localizado na periferia do disco. Esse deslocamento do disco pode então comprimir uma raiz nervosa ou a própria medula, levando a sintomas como dor ou alterações neurológicas. O próprio material do núcleo pulposo contém substâncias irritativas que podem levar à dor pela simples proximidade, sem necessariamente haver compressão.

 

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Ilustração esquemática demonstrando herniação do núcleo pulposo comprimindo uma raiz nervosa

Quais são os sintomas de uma hérnia de disco?

Os sintomas causados pelas hérnias de disco vão depender de sua localização. As hérnias de disco mais comuns são as cervicais e as lombares (parte inferior das costas). As hérnias torácicas (parte média e superior das costas) são mais raras.

Hérnias cervicais: 

Os sintomas das hérnias cervicais podem ser de radiculopatia, quando a hérnia comprime apenas uma raiz nervosa, levando a dor no pescoço irradiada para os braços, formigamento, dormência ou perda de força parcial, geralmente maior em um dos braços.

Podem haver sintomas de compressão medular, levando a sintomas de desequilíbrio, perda de força nos braços e pernas, dormência, alterações urinárias e prisão de ventre. Um quadro chamado de mielopatia.

Hérnias lombares:

No nível da coluna lombar, a medula já se tornou cone medular (porção inferior e mais fina) e em seguida na parte mais inferior existe apenas uma série de raízes juntas, a chamada cauda equina.

A hérnia lombar pode causar sintomas pela compressão do cone medular, cauda equina ou compressão e irritação química das raízes nervosas, levando a sintomas de dor lombar com irradiação para as pernas, queimação, formigamento, dormência, fraqueza nas pernas e/ou pés ou dificuldade para urinar ou defecar nos casos mais graves.

Como as hérnias de disco podem ser diagnosticadas?

Além dos sintomas e sinais no exame físico realizado pelo médico, que direcionam o raciocínio clínico, outros exames são necessários para o diagnóstico definitivo das hérnias de disco.

O melhor exame para se diagnosticar uma hérnia de disco é a Ressonância Magnética da coluna. A Tomografia pode também ser usada porém não da tantas informações sobre o disco e sua relação com as estruturas nervosas como a Ressonância.

Seu médico pode solicitar outros exames como raio-x simples ou dinâmico da coluna ou eletroneuromiografia para ajudar no raciocínio diagnóstico.

Como tratar uma hérnia de disco?

Primeiro, é importante enfatizar que a doença degenerativa do disco intervertebral é uma achado bastante comum na população. Existem estudos que mostram que muitas pessoas tem hérnias ou protrusões de disco, detectadas acidentalmente, e não apresentam nenhum sintoma. Somente as hérnias sintomáticas devem ser tratadas, e às vezes o achado de uma hérnia de disco não significa que ela é a culpada por todos os sintomas.

Tratamento não cirúrgico:

O tratamento conservador, ou não cirúrgico, dos sintomas causados por uma hérnia de disco deve ser sempre tentado inicialmente, durante um período que varia entre 6 a 12 semanas. Exceto se tais sintomas se manifestarem como perda de força, alterações urinárias e fecais, ou dor intratável e incapacitante por dias.

O tratamento conservador consiste numa combinação de medicações analgésicas de diversos tipos, podendo incluir analgésicos simples (como Dipirona e Paracetamol), medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (ex: Diclofenaco, Naproxeno), corticóides e opióides.

Além das medicações, a fisioterapia nesta fase é muito importante. Podem ser realizadas manobras de manipulação cervical (quiropraxia) ou lombar, manobras para alívio da dor, aplicação de corrente elétrica ou ultrassom para alívio da dor, correção postural e fortalecimento de musculatura dorsal e abdominal, e aplicação de gelo ou calor para alívio dos sintomas.

Outro ponto importante para se conseguir sucesso no tratamento conservador, e assim evitar cirurgias, é adotar uma mudança positiva no estilo de vida. Alguns pacientes podem, por exemplo, se beneficiar da perda de peso. A dor crônica pode também causar alterações do humor, e medidas como exercícios físicos, manutenção de uma vida ativa e acompanhamento de psicólogos e psiquiatras podem ser bastante úteis.

Se após esse período de tratamento conservador houver persistência dos sintomas, outros tratamentos mais invasivos como a injeção epidural de corticoides, e outras técnicas podem ser tentadas, com bons resultados inicialmente, porém de duração geralmente limitada a poucos meses.

Tratamento cirúrgico:

No caso de falha do tratamento conservador inicial pelo período mínimo de 6 semanas, a cirurgia pode ser uma opção para o alívio dos sintomas.

A microdiscectomia é o procedimento cirúrgico mais utilizado para se tratar uma hérnia de disco simples. Nele a porção herniada do disco, aquela que está fora dos seu local habitual, causando compressão/irritação da estrutura nervosa e dor, é removida cirurgicamente. Atualmente a cirurgia pode ser realizada por endoscopia, onde não há cortes, a dor do pós operatório é reduzida e o paciente pode ter alta hospitalar no mesmo dia, a depender do caso.

A cirurgia para artrodese lombar pode ser utilizada em casos selecionados de dor lombar importante sem controle com medidas conservadoras, em que a doença do disco e mobilidade do segmento vertebral é a provável causa da dor. Nesta cirurgia uma parte da coluna é imobilizada com o implante de parafusos, hastes e/ou dispositivos intervertebrais, com o intuito de se remover a mobilidade daquele segmento e assim melhorar a dor.

 

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